quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O poder dos sentimentos

01/09/2010 20h34 - Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil

Histórias de amor são matéria-prima para o cinema desde os seus primórdios e espalham-se de maneira eficaz por diversos gêneros, como o policial ("Laura"e "Chinatown", entre inúmeros exemplos), a ficção científica (pense em "Blade Runner" e "Solaris") e o filme de aventuras (como "Uma Aventura na África" e a série Indiana Jones).

Seu território por excelência, no entanto, é o do drama romântico, que se estabeleceu como um gênero especialmente apreciado pelo público feminino. Costuma-se associá-lo a lágrimas, em geral provocadas por histórias de um amor impossível - embora um final feliz também tenha muitas vezes a capacidade de "destruir" o espectador.

Abaixo, uma seleção que procura combinar diferentes tradições e períodos do cinema que se ocupa preferencialmente do amor, com a entrega de quem parece dizer que não há nada mais importante com o que se preocupar.

Confira os filmes:

10 - "Antes do Amanhecer" e "Antes do Por-do-Sol" (Before Sunrise, 1995 e Before Sunset, 2004)
Dirigidos por Richard Linklater ("Waking Life"), Ethan Hawke e Julie Delpy protagonizam história de amor que fala principalmente aos jovens da virada de século. No primeiro filme, eles se conhecem em um trem e vivem noite inesquecível em Viena. O segundo mostra o reencontro, nove anos depois, em Paris.
9 - "As Duas Inglesas e o Amor" (Le Deux Anglaises et le Continent, 1971)
Toda a obra de François Truffaut (1932-1984) é pautada por uma visão romântica do mundo e, sobretudo, das mulheres. Aqui, ele volta a adaptar um livro de Henri-Pierre Roché, autor de "Jules e Jim", também sobre um triângulo -- entre duas irmãs inglesas e um francês (o "continente" do título original).

8 - "Clamor do Sexo" (Splendor in the Grass, 1961)
O "esplendor na relva" do título original vem de um poema de William Wordsworth sobre a necessidade de olhar sem dor para o que perdemos. Dois jovens do Kansas (Warren Beatty e Natalie Wood) vivem um intenso romance, apesar das diferenças sociais. Um dos grandes filmes de Elia Kazan ("Sindicato de Ladrões").

7 - "Manhattan" (Manhattan, 1979)
Com o êxito de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), Woody Allen passou a ser tratado como um mestre contemporâneo da comédia dramática de fundo romântico, com personagens urbanos, seus prazeres e neuroses. Um roteirista (Allen) sente-se dividido entre uma estudante bem mais jovem (Mariel Hemingway) e a amante de um amigo (Diane Keaton).

6 - "Amor, Sublime Amor" (West Side Story, 1961)
Um dos grandes musicais na história de Hollywood, adaptado de um espetáculo da Broadway que, por sua vez, transportou a história de "Romeu e Julieta", de Shakespeare, para o West Side de Nova York. A rivalidade entre gangues torna impossível o amor entre Maria (Natalie Wood) e Tony (Richard Beymer).

5 - "As Pontes de Madison" (The Bridges of Madison County, 1995)
Baseados em romance de Robert James Waller, o roteirista Richard LaGravenese ("O Pescador de Ilusões", "P.S. - Eu Te Amo") e o diretor Clint Eastwood contam a curta e marcante história de amor vivida por um fotógrafo (Eastwood) e por uma mulher casada (Meryl Streep) durante uma viagem do marido com os filhos.

4 - "Último Tango em Paris" (Ultimo Tango a Parigi, 1972)
Um dos mais célebres e escandalosos filmes dos anos 70, foi censurado em diversos países (inclusive no Brasil) e gerou represálias políticas ao diretor Bernardo Bertolucci na Itália. Um executivo norte-americano (Marlon Brando) e uma jovem francesa (Maria Schneider) entregam-se à busca pelo prazer, e dane-se o mundo.

3 - "Não Amarás" (Krókti Film o Milosci, 1988)
O que é isso a que chamamos "amor"? Em um dos episódios da minissérie de TV "Decálogo", remontado e ampliado para exibição nos cinemas, o polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996) sugere possíveis respostas a essa pergunta por meio da atração que um jovem (Olaf Lubaszenko) sente por uma vizinha mais velha (Grazyna Szapolowska).

2 - "...E o Vento Levou" (Gone with the Wind, 1939)
Scarlett O'Hara e Rhett Butler, protagonistas de uma complicada história de amor durante a Guerra Civil e o processo de reconstrução dos Estados Unidos, foram criados pela escritora Margaret Mitchell no maior best-seller dos anos 30. Ninguém mais deixou de os imaginar, entretanto, com os rostos de Vivien Leigh e Clark Gable. Isto era Hollywood, na grandiosa acepção do produtor David Selznick.

1 - "Casablanca" (Casablanca, 1942)
Parece difícil acreditar que essa adaptação de uma peça teatral obscura tenha sido tratada apenas como mais uma das diversas produções medianas da Warner Bros. naquela temporada, sem grandes expectativas. O "gênio do sistema" (imagem criada pelo crítico André Bazin) entrou em cena, contudo, e cuidou para que viesse dali um clássico, com o reencontro entre dois antigos amantes (Humphrey Bogart e Ingrid Bergman) servindo como aula de diálogos, de cinismo e, claro, de romantismo.


Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. Escreve sobre cinema para a revista "Set" e também é colunista de futebol internacional do Yahoo! Brasil. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.

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