quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sempre a paixão



Paulo Wainberg
  
Quem nunca ficou horas diante do telefone, esperando a ligação de um amor, não sabe o que é paixão.


Estou falando da paixão avassaladora, que exerce o domínio integral dos nossos pensamentos e ocupa definitivamente todos espaços de nosso corpo.


Da paixão que transborda, vai além sempre, não recua e não dá trégua. Da paixão sem sono e de um único sonho, da paixão sem alimento, da paixão eterna cuja força aumenta segundo a segundo, graças ao maldito telefone que não toca. Da paixão que explode quando, enfim, o amável telefone toca.


Quem nunca hesitou horas, tentando e desistindo de ligar para um amor, não sabe o que é a paixão..


Estou falando da paixão incerta e duvidosa, cujo objeto não confirma e não nega. Da paixão claudicante, que paralisa e aterroriza, afunda e destroi, sem dó nem piedade e, francamente, sem nenhum pudor. Da paixão renovadora que faz tanto bem quando finalmente você liga e o amor atende, responde e diz que sim.


Quem nunca percorreu, dias e dias, os caminhos de seu amor, na esperança de encontrá-lo casualmente, não sabe o que é paixão.


Estou falando da paixão galopante, que faz do coração um tambor enlouquecido, que faz da respiração uma falta de ar, que treme as mãos e as pernas. Da paixão que transforma os olhos num mar, a boca num deserto e a alma numa escrava.


Estou falando da paixão delirante, quando você encontra o seu amor e faz dele você e ele faz você dele. Da paixão alucinada onde o tempo não se suporta, quando a luz não brilha, a escuridão não existe e tudo o que você vê é o seu imenso amor apaixonado.


E por falar em paixão...