quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Roman, o grande personagem de Polanski

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Roman, o grande personagem de Polanski

28/09/2010 12h59 - Sérgio Rizzo, colunista do Yahoo! Cinema



Cinema

Poucos diretores de cinema têm vidas tão interessantes quanto a de seus personagens. E, entre esses, só um ou outro conseguiria fazer da própria biografia um filme movimentado, repleto de aventuras e dramas. Se estivesse disposto a isso, o polonês Roman Polanski teria apenas um problema: seria obrigado a realizar uma minissérie de TV.

Sua vida não cabe em um longa-metragem, como permite vislumbrar a programação organizada pelo Festival do Rio em torno do cineasta de "Repulsa ao Sexo" (1965), "O Bebê de Rosemary" (1968), "Chinatown" (1974), "O Pianista" (2002) e "O Escritor Fantasma" (2010), seu mais recente longa, já lançado em DVD no Brasil.

Até o próximo dia 5, estará em cartaz no Galpão da Cidadania uma exposição de fotos que promove uma retrospectiva de sua carreira como ator, iniciada ainda na adolescência, no rádio e no teatro, e que inclui papéis em seus próprios filmes e em obras de terceiros -- o mais recente foi no italiano "Caos Calmo" (2008), de Antonello Grimaldi, com Nanni Moretti.

A exposição também contempla sua consagração como cineasta, com fotos de cena e cartazes de seus filmes por artistas gráficos poloneses (que, não custa lembrar, são os maiores craques do mundo na criação de pôsteres para cinema, com interpretações originais que equivalem a pinturas). Fotos do acervo pessoal de Polanski e textos variados sobre ele completam o pacote.

Curtas-metragens realizados pelo diretor em seus tempos de aluno da lendária Escola de Cinema de Lodz, considerada por algum tempo a melhor escola do gênero na Europa, foram programados pelo festival, que também está promovendo, até o próximo domingo, uma série de cinco debates sobre a obra de Polanski, com a participação de críticos e de profissionais de outras áreas.

O Festival do Rio exibirá ainda o documentário "Polanski: Procurado e Desejado" (2008), de Marina Zenovich, que recebeu dois Emmy (o Oscar da TV nos Estados Unidos) e o prêmio de montagem no Festival Sundance. O foco reside no escândalo -- a ameaça de condenação por manter relações sexuais com uma adolescente de 13 anos -- que o levou a fugir dos EUA em 1978 e, em 2009, a ser preso na Suíça sob ameaça de deportação.

A versão de Polanski para a fuga está descrita com incrível e detalhada franqueza em "Roman", sua autobiografia precoce, publicada em 1984 (e traduzida no Brasil pela Editora Record). No livro, ele aborda sem ressalvas outros episódios-chave de sua biografia, como os esconderijos em que viveu sem os pais durante a II Guerra (a mãe morreu em um campo de concentração) e o assassinato de sua mulher, a atriz Sharon Tate, em 1969.

Polanski completou 77 anos em 18 de agosto e continua em atividade. Seu próximo projeto para cinema é uma adaptação da peça "Deus da Carnificina" ("Le Dieu du Carnage"), da francesa Yasmina Reza, atualmente em cartaz no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, com Júlia Lemmertz, Deborah Evelyn, Paulo Betti e Orã Figueiredo, sob direção de Emilio de Melo.

Para dar água na boca: o elenco de Polanski foi escalado com Kate Winslet, Jodie Foster, Matt Dillon e Christoph Waltz (o coronel Hans Landa de "Bastardos Inglórios"). Lamento dar também a má notícia: se tudo correr bem, o que na vida de Polanski quer sempre dizer um monte de coisas, o filme estreará apenas em 2012.

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