quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Não espere demais do outro


A maior causa de sofrimento do ser humano segundo a filosofia do Yoga está voltada ao apego: seja por bens materiais, por ideias, pelo outro ou por tudo o que não lhe pertence. A maior causa de sofrimento do ser humano segundo a filosofia do Yoga está voltada ao apego: seja por bens materiais, por ideias, pelo outro ou por tudo o que não lhe pertence. Essa questão afeta sobremaneira os relacionamentos e já era mencionada pelos textos dos Yoga Sutras escritos pelo sábio Patanjali, que datam de cerca de 600 AC. Ou seja, o apego, o viver em função do outro, o distanciar-se do centro sempre impactou as relações e o ser. Por isso, vale sempre ressaltar: quanto mais longe colocarmos a felicidade, mais nos distanciamos do centro, do que já trazemos dentro, mais nos distanciamos dessa mesma felicidade que já é nossa. Essa certeza aparece em outras tantas filosofias orientais e ocidentais e é também levada a todos, incansavelmente, pelos maiores mestres de todos os tempos. Lição de desapego Nesse momento, por coincidência, terminei de ler o livro “Mestres”, de José Tadeu Arantes. Ele apresenta histórias de Jesus, Plotino, Ibn Árabi, Goethe e outros e reafirma toda essa questão. Vale então a leitura quando o negócio é desapegar-se. Olhar para dentro. Ficar com o que é inato, com o que herdamos enquanto humanos e, é claro, aprender a abrir mão do que não é nosso. Viver a verdade, a beleza, o ser, deixar de lado tudo que ilude, atrapalha, nos tira de nós mesmos. Nesse sentido, a cessação dos problemas da mente, a aquietação da alma e do espírito – tão almejadas na meditação – podem ser potencializadas com essa dinâmica que nos faz compreender que somos o todo e temos o todo em nós. E, face a isso, não há necessidade de nos aprisionar a um outro ou aprisionar a outro. O desapego e o equilíbrio entre mente, corpo, emocional e espiritual corroboram para que, mais realistas, possamos simplesmente incluir o que é bom no nosso viver. Deixar livre, deixar viver e, ao mesmo tempo, deixar de lado o que não faz bem. Relações Posto isso, quando olho para as nossas relações, entendo que estas deveriam ser incluídas na nossa vida como um presente. Um algo a mais que nos dá a possibilidade de acessar tudo o que já é nosso. O outro nos faz mais bonitos, mais leves mais alegres. Consegue isso porque desperta em nós a essência. A felicidade de ser, de doar-se, do aprender a caminhar com um outro e, desse modo, incrementar ainda mais nosso saber. O pulo do gato nesse caso está em compreender que o outro só pode despertar o que temos. Somos já de antemão maravilhosos. Se tudo isso é verdade e muitos já encontraram essa tal felicidade interior, por que não encontramos uma realidade semelhante para nós também? Causas perdidas Ao longo da vida, ao contrário de muitos que conseguem separar o que é ser e o que é ter e estar, confundimos tudo e misturamos o nosso querer e sonhos com a busca de outro. Isso, além do desvio da nossa rota, em longo prazo, nos torna dependentes de histórias que não são nossas. Passamos a ser guardiães de causas perdidas e deixamos de lado nossos sonhos, nosso âmago, nosso ser. Daí a abandonar nossos sonhos, abandonar nosso querer é um pulo… Talvez por isso insista em falar desse tema quando trato de amor e relacionamentos. Ele ainda é a base de toda a mudança possível para uma relação saudável. E, como afirma Fernando Pessoa: “…Para ser grande, ser inteiro: nada teu exagera ou exclui. Se todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes…” Boa semana!

Por Sandra Maia

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