domingo, 17 de abril de 2011

A persistênc​ia da memória, por Christophe​r Goulart


Um homem sem memória é como um relógio que se derrete. Imaginando ser esta a idéia de Salvador Dali quando pintou a tela intitulada “Persistência da memória”, que poderia representar perfeitamente a perda de memória do homem contemporâneo, surge-me a idéia de relacionar tal percepção ao atual momento da política externa brasileira.
Considerando as manchetes anunciando “Dilma vai à China turbinar vendas”, nada mais coerente lembrar que estamos no ano cinqüentenário da viagem oficial de outro líder brasileiro para a China. Foi em agosto de 1961. João Goulart, na condição de vice-presidente, era recebido por Mao-Tse-Tung. O propósito? Justamente o mesmo de nossa atual mandatária da Nação: relações comerciais.
Naquele então, a iniciativa visava construir para o Brasil uma alternativa comercial de independência econômica do eixo americano e dar potencialidade a economia nacional. Era o Brasil buscando uma política externa independente, buscando romper o alinhamento econômico exclusivo aos Estados Unidos. De lá pra cá, a China se tornou uma potência mundial e o maior parceiro comercial do Brasil.
   Hoje o desafio do Governo é conquistar a segunda maior economia do mundo. E que bom que o mundo mudou, pois em outros tempos, onde o contexto geopolítico mundial girava em torno da guerra fria, era uma ofensa aos bons costumes das elites aristocráticas do Brasil, um vice-presidente estar na China comunista. Pois o Gaúcho Jango entrou para a história por ser o primeiro líder latino americano a buscar a abertura de mercado com países Comunistas, onde hoje está Dilma Roussef.
Nossa história de relações comerciais com a China não é recente: completa cinqüenta anos em agosto, e quase custou a posse legítima de um Presidente da República denunciado como comunista, por ter uma visão estratégica de mercado mundial. Jango abriu caminhos para o futuro do Brasil, mas poucos lembram. Sendo assim, cabe a reflexão de Friedrich Nietzsche: “A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez”.

Christopher Goulart
Presidente do Memorial João Goulart

Um comentário:

Anônimo disse...

QUE FALTA DE INFORMÇÃO É ESSA? a MARTA NÃO É A SUPLICY...SE FOR EU PERDOO.