Pergunte hoje mesmo a qualquer
cidadão abaixo da linha da pobreza, sem comida na mesa para sua família, se ele
é de “direita”, de “centro” ou de “esquerda”. Olhe nos olhos de seus filhos, famintos,
e tenha a coragem de levantar qualquer tipo de debate ideológico, sobre
capitalismo ou socialismo. Porque, se isso for possível, estaremos no mais alto
grau de desumanidade. Quem tem fome tem pressa. Entre tantas discussões de
diretrizes sobre políticas de Estado, muitas delas com alto grau de vaidade
descabida, uma coisa é certeira e objetiva: existem seres humanos passando
fome.
A miséria em si não tem
ideologia. As ideologias é que podem gerar a miséria. Pense numa criança sem
ter nada para comer, que poderia ser o meu ou o seu filho, fora de qualquer
possibilidade futura de inserção numa cadeia produtiva. Pois é exatamente este o foco de atuação do Brasil
sem Miséria, que nasceu para enfrentar a miséria e promover a emancipação. É
disso que estamos falando. Na prática, a dura realidade acaba com algumas teorias,
sejam elas bem ou mal intencionadas. Logo, o primeiro passo para a emancipação,
que naturalmente não pode se restringir apenas à distribuição de verbas, é dar
condições de dignidade para que essas pessoas encarem o mercado de trabalho.
Esses cidadãos são “invisíveis”
para muitos que nunca passaram necessidade, que se preocupam com definições
teóricas oriundas de institutos elitistas. Algo similar à população em situação
de rua, que só é lembrada quando estes pseudo-intelectuais saem às ruas com
seus carros modernos.
O fato é que o Plano Brasil Sem Miséria
não se resume a “dar dinheiro batido a seus beneficiários”, conforme mencionado
em artigo “O capitalismo do bolsa miséria”, publicado recentemente em ZH. Há
desinformação por parte do articulista. O referido Plano organiza-se em três
eixos: um de garantia de renda, para alívio imediato da situação de extrema
pobreza; outro de acesso a serviços, para melhorar as condições de educação,
saúde, assistência e cidadania das famílias que compõem o público-alvo; e o
terceiro de inclusão produtiva, para aumentar as capacidades e as oportunidades
de ocupação e geração de renda entre as famílias extremamente pobres.
E mais do que isso. Existem
condições definidas pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome para
que as famílias não tenham seus benefícios suspensos: freqüência escolar e
acompanhamento nutricional da área da saúde, além do pré-natal para gestantes
beneficiárias. Em outras palavras, não é possível sustentar o discurso de que o
Programa Brasil Sem Miséria seja apenas uma mera distribuição de verbas.
Christopher Goulart
Vice-presidente da FASC
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