quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dieta à base de sushi promete aliar prazer em comer e boa forma

Nutricionistas alertam, no entanto, para os riscos de uma alimentação pobre em nutrientes



Dieta Sosushi é rica em ômega 3. Especialistas criticam, no entanto, a falta de outros nutrientes Foto: Berg Silva / Arquivo / Agência O Globo
Dieta Sosushi é rica em ômega 3.
Especialistas criticam, no entanto, a falta de outros nutrientes
Berg Silva / Arquivo / Agência O Globo



RIO - O sushi não é uma unanimidade: há quem goste e quem deteste o prato mais famoso da culinária japonesa. Difícil é encontrar meio-termo. Para os amantes da iguaria, uma nova dieta promete trazer um combinado de prazer com perda de peso.
INFOGRÁFICO: Confira a dieta Sosushi
A dieta, publicada pelo site da revista "Elle" italiana, foi elaborada pela co-fundadora da cadeia de restaurantes de comida japonesa Sosushi, Sara Roversi, juntamente com os nutricionistas Aisu Horotsugu e Domenico Tiso, todos os três autores do livro "Sushi, gusto e benessere" ("Sushi, gosto, e bem-estar", sem tradução para o português).
- A comida japonesa, junto com seu tradicional estilo de vida balanceado, pode contribuir para o bem-estar porque é rica em legumes, peixes, algas, bebidas ricas em antioxidantes (chá, por exemplo), minerais, vitaminas e ômega 3 - defende Tiso.
Ele explica que a dieta, baseada no consumo de alimentos de baixo valor energético, não está no livro, que tem um intuito mais educativo e aborda desde a origem dos ingredientes, método de conservação, riscos, propriedades nutricionais até dicas de boas maneiras e etiqueta japonesa.
- Nosso objetivo era dar ferramentas para que os leitores comessem conscientemente, sabendo as propriedades boas e ruins desse tipo de alimento - diz ele.
Tiso ressalta que é importante ingerir legumes (crus ou cozidos) nas refeições e frutas frescas no meio da manhã e em lanches à tarde. Para acompanhar, além de água, o nutricionista recomenda chás, como o verde.
Embora a revista afirme que a dieta não deva ser seguida por mais de uma semana, Tiso defende que um programa alimentar mais amplo baseado no consumo de legumes, arroz e cereais integrais pode ser seguido por longos períodos sem risco de deficiências nutricionais. Não é o que pensa, no entanto, a nutricionista funcional Gabriela Maia, que não recomenda a troca do garfo e faca pelo hashi por muito tempo. Segundo ela, a alimentação baseada somente na culinária japonesa é pobre em vitaminas e minerais, embora contenha menos gordura saturada do que os regimes que incluem frango e carne vermelha.
- A dieta por uma semana não vai trazer grandes malefícios. Mas, ela tem grande quantidade de salmão e atum, cujo consumo frequente não é recomendado por conta do risco de contaminação por metais pesados. Também é grande também a quantidade de cream cheese nas preparações. Além da gordura saturada, o queijo prejudica a absorção do ferro que está no peixe.
A nutricionista funcional Luciana Harfenist é ainda mais radical:
- A alimentação deve fornecer todos os micro e macronutrientes. Na dieta proposta não atingimos as recomendações, nem para um dia! - diz ela, que critica ainda o consumo excessivo do arroz utilizado no sushi. - Ele é refinado, isento de fibras e vitaminas do complexo B, além se ser acrescido de açúcar. Isso torna a mistura com alto índice glicêmico, que não trará saciedade.
A utilização com parcimônia do molho shoyo, substância muito combatida pelo alto teor de sódio, é um aspecto levado em conta pelo próprio Tiso, que recomenda o consumo em pequenas quantidades "necessárias para dar sabor ao peixe". Já Luciana condena expressamente o uso do preparado por hipertensos e por pessoas que têm tendência ao inchaço, como algumas mulheres na fase pré-menstrual, pessoas com má circulação e gestantes:
- Também recomenda-se evitar molhos com glutamato monossódico, um aditivo especialmente nocivo porque interfere nas percepções do paladar e torna os produtos industrializados, com baixo valor nutricional, mais saborosos. E, mesmo no caso de consumo de shoyo de fermentação natural, uma boa dica é misturá-lo com água em medidas iguais para diminuir a quantidade de sódio.
Gengibre e wasabi, no entanto, estão liberados. De acordo com Gabriela, o gengibre é um dos temperos mais antioxidantes, além de ser anti-infamatório e facilitar a digestão por conter óleos poderosos em sua composição. Já o wasabi ajuda no funcionamento do fígado e em sua desintoxicação. A alga que envolve os sushis também é um ponto positivo da dieta, ressalta Gabriela, por ser fonte de magnésio, importante componente para a formação de energia no organismo, e de iodo, essencial para o bom funcionamento da tireoide:
- Se você gosta de comida japonesa, coma esporadicamente, vá mesclando os tipos de peixe, capriche no nirá e modere no shoyo!


Fonte:http://ela.oglobo.globo.com


Nenhum comentário: