quinta-feira, 21 de março de 2013

EM NOME DA VERDADE



“A verdade jamais é pura e raramente simples”. Este pensamento não é meu, é de Oscar Wilde. Mas bem que poderia ser meu. Foi exatamente o que imaginei no transcorrer da recente audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, ocorrida na Ajuris em Porto Alegre. Ao encaminhar a requisição formal em nome de minha família, detalhando os caminhos e informações na busca da elucidação definitiva da morte de meu avô, lembrei do meu nascimento no exílio, longe da minha Pátria, em razão da severa perseguição política. Pensei no cinqüentenário de sua inconstitucional deposição pelo golpe civil-militar de 1964. Recordei também que alguém me disse um dia: o mundo dá voltas...
Há uma dúvida no ar. Dúvida esta que vai muito além da forte suspeita de um assassinato físico. Dúvida que recai sobre a verdadeira motivação da eliminação de um imenso legado político. Podemos até ressalvar aqueles que não conhecem a verdade, mas não há como absolver quem a conhece e diz que é mentira. Muita gente sabe exatamente aonde meu avô queria chegar com as Reformas de Base, as reformas do Estado brasileiro. Sabem, mas não admitem. Mentem a verdade. São criminosos!
Acontece que, verdade seja dita, depois do Presidente João Goulart, jamais este país teve uma agenda de verdadeiras transformações sociais, políticas e econômicas. Há um manto de silencio proposital ainda imperando sobre esta realidade. Porém, aqui vai uma advertência aos que calam: de nada serviu a truculência, força, dedos em riste e pau de arara. Porque a verdade é filha do tempo, não da autoridade. E o tempo está chegando. Como já disse Winston Churchill "a verdade é inconvertível, a malícia pode atacá-la, a ignorância pode zombar dela, mas no fim; lá está ela".
  Christopher Goulart
Vice-presidente da FASC

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