quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As imagens do corpo regular do tráfico rindo e disparando contra os policiais e militares no Rio remete a algo mais fundo do que a simples constatação de que eles se acham – e o são – poderosos. Não é só o tráfico que ri e dispara. Por toda a Nação, multiplicam-se os casos da desobediência civil. São alunos que dão porradas nos mestres, são motoristas que não obedecem às regras mínimas, que te fecham no trânsito, são jovens até da classe alta, instruídos, que espancam indefesos, numa demonstração terrível de intolerância às diferenças sexuais, raciais e religiosas, usando artes marciais aprendidas em cursos que o papai pagou, é o corporativismo amplo geral e irrestrito – Mateus, primeiro os meus e o resto que se dane.
É isso que todos eles têm em comum, todos rindo e disparando. Por isso a perplexidade e o choque dos mais velhos, que nunca sequer imaginavam, por exemplo, que um aluno levantasse a voz contra o professor, o que dirá agredi-lo fisicamente.
Por algum tempo, a vitória da Lei no Morro do Alemão será comemorada como se a guerra tivesse sido ganha. Lamento, mas não acredito em Papi Noel. Somos uma Nação recheada de desobedientes civis atingindo a massa crítica que, mais dia menos dia, nos levará ao Grande Desastre. É disso que se fala.

(Fernando Albrecht - Jornal do Comércio)

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