sexta-feira, 30 de março de 2012
Gal Costa estreia em casa nova o show 'Recanto'
RIO - A primeira ideia que Gal Costa teve para o show "Recanto" - que inaugura a Miranda, na Lagoa, nesta quinta para convidados e sexta para o público - era que ele fosse feito apenas com canções de Caetano Veloso, exatamente como o disco homônimo, lançado no fim do ano passado. Mas o próprio compositor, que assina a direção do espetáculo, sugeriu que outras músicas fossem incorporadas.- Não dava para fazer o show de lançamento de um disco que diz tanto sobre a carreira de Gal sem algumas músicas que não são minhas - conta Caetano. - Nunca faria esse show se não tivesse "Vapor barato", por exemplo. Cerca de 70% das canções são minhas, mas em compensação, as que não são têm uma força enorme para o show.
Para Gal, o repertório é, de certa forma, todo novo:
- As canções do "Recanto" cresceram e habitam em mim de uma forma muito mais intensa até do que na época da gravação. E as antigas se tornaram novas, não só pela estética que foi aplicada a elas, mas também dentro de mim. E há duas ou três que não cantava há muito tempo e que hoje tenho uma nova forma de senti-las - conta. - Esse disco ("Recanto") me fez crescer muito. E os meninos tocam muito bem, tocam delicado. Têm tudo a ver com meu canto.
Os meninos são Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão, quase sempre processados por muitos pedais) e Bruno Di Lullo (baixo e violão). São eles os responsáveis por traduzir a sonoridade eletrônica e seca de "Recanto" para o palco.
Caetano reforça as palavras de Gal:
- Cantando as músicas do CD novo ou as canções antigas com a estética do CD novo (o que acontecerá com algumas), Gal quebra a impressão de distância entre umas e outras que o disco pode ter causado. Faz tudo parecer natural e integrado.
No show - desenhado a partir de ideias de Caetano, Gal e Moreno Veloso (assistente de direção do show e coprodutor do disco) -, canções como "Vapor barato" (Jards Macalé/ Waly Salomão) e "Um dia de domingo" (Michael Sullivan/ Paulo Massadas) se misturam às de Caetano, do novo CD (como "Recanto escuro", "Autotune autoerótico" e "Neguinho") e antigas ("Dom de iludir" e "Divino, maravilhoso", parceria com Gilberto Gil). Ou seja, do tropicalismo à Gal ultrapop da década de 1980, passando pela recente incursão eletrônica, há o desejo de se traçar um panorama amplo da cantora.
- Como em "Recanto escuro" (canção que abre o CD "Recanto" e que traz nos versos várias referências mais ou menos cifradas à trajetória de Gal), o show tem a Gal toda - explica Caetano. - Na letra, falo desde antes de nos conhecermos até hoje, e indo para o futuro, o espírito que é eterno nos últimos versos ("Coisas sagradas permanecem/ Nem o Demo as pode abalar/ Espírito é o que enfim resulta/ De corpo, alma, feitos: cantar", diz a estrofe final).
"Recanto escuro", canção central do CD "Recanto", está portanto também no núcleo conceitual do show.
- De uma maneira paradoxal, "Recanto escuro" dialoga com "Divino, maravilhoso" (dos versos "É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte"), e isso atravessa todo o show - define Caetano, adiantando como será a releitura da canção tropicalista. - Ela guarda aquela violência da gravação original, mas com as coisas sonoras do novo disco.
Moreno completa:
- E alguns novos silêncios, ótimos.
Afetada pela força de "Recanto", Gal faz questão de dizer que está mudada:
- E vou mudar sempre.
Caetano emenda:
- A pessoa, quando pode, muda para se transformar cada vez mais naquilo que é.
Fonte: notícias yahoo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário